Continuando a minha série de comentários sobre quadrinhos nacionais, o gibi da vez é Super Ego, criado por Caio Oliveira (roteiro e desenhos) e Lucas Marangon (cores). Esse é um caso um tanto peculiar, pois essa HQ também foi publicada nos Estados Unidos.
Super-heróis protegem as pessoas dos diferentes males que colocam suas vidas em risco. Mas quem protege os super-heróis dos males que afetam suas saúdes mentais? Na cidade fictícia de Cosmo City, a solução para esse problema é o Dr. Eugene Goodman, psicoterapeuta especializado em atender super-humanos. Por ser um “superterapeuta”, Goodman usa uma máscara para esconder seu rosto e usa o nome de Dr. Ego.
Ao longo da história, conhecemos alguns dos seus pacientes - que é a parte do gibi na qual o Caio deita e rola nos arquétipos e clichês de super-heróis. Um deles é um gênio bilionário chamado Javier Hernandez - um Tony Stark latino. Embora use seu conhecimento em tecnologia para fazer o bem, Javier é alcoólatra e causa inúmeros problemas por causa de seu vício. Como, por exemplo, destruir a cidade enquanto pilota seu robô gigante, El Luchador de Fierro.
Outro paciente é Lewis Goldsmith, o Golden Arrow. Análogo do Arqueiro Verde, ele é outro ricaço que decidiu sair por aí combatendo o crime, munido apenas de um arco e flechas. Mas tudo muda quando a esposa de Lewis, também uma super-heroína, morre baleada.
E entre outros, temos aquele que considero como o personagem mais fascinante dessa HQ, depois do próprio Dr. Ego: Lester, um jovem que é, basicamente, um ser muito poderoso, mas tem uma relação conturbada com seus pais - os super-heróis mais famosos do mundo - e lida com problemas de autoestima, além de estar ansioso para se declarar para a garota por quem é apaixonado. É como se ele fosse o Superman, mas com a personalidade do Peter Parker dos filmes do Sam Raimi.

Pode parecer à primeira vista que Super Ego é apenas um amontoado de brincadeiras - sutis e escancaradas - com a noção que nós temos sobre super-heróis, mas Caio aproveita para criar algumas subversões de expectativa. O próprio Lester já seria um baita exemplo disso, mas a HQ vai além.
Por se tratar de uma história curtinha, se você não quiser saber sobre esses grandes detalhes, recomendo passar direto pro próximo tópico (a partir do GIF do John Cleese). Aproveito o momento para sugerir que você compre o gibi na Amazon (ou, se preferir, pode esperar até o Caio lançar uma campanha de gibi novo pelo Catarse e escolher Super Ego como uma das recompensas).
O grande trunfo dessa HQ está na revelação sobre o passado do Dr. Ego. Antes de se aventurar pelo ramo da psicologia, Eugene Goodman era a terceira geração do Sci-Fighter, um supervilão no estilo do Rocketeer. Após ser derrotado pelo Savior e ser preso, Goodman passou a estudar sobre a mente humana e suas complexidades. Goodman saiu da prisão por bom comportamento, e logo pôs seu plano em prática. Partindo da premissa de que muitos super-heróis são motivados por traumas pessoais, Eugene decidiu se tornar um terapeuta especial para heróis. Ele os destruía de dentro para fora: quando os super-heróis passavam a se sentir bem consigo mesmos, eles deixavam de ser super-heróis. O plano genial de Eugene se mostrou eficaz várias vezes, mas quase foi pelo ralo graças ao seu avô, o Sci-Fighter original, que tinha sua própria estratégia para derrotar os pais de Lester.
Mesmo tendo um propósito “maligno”, no fim das contas, acaba havendo uma ambiguidade no Dr. Ego, principalmente por causa de Lester. Será que o rapaz conseguiu amolecer o coração de Eugene, ou ele é só mais um herói prestes a ser derrotado em definitivo?
Super Ego é uma ótima visão torcida do imaginário dos super-heróis, com bons toques de humor e momentos bastante sombrios. Recomendo demais, e procure pelos outros trabalhos do Caio também!
Eu vim fazer um anúncio
A vida tem seus momentos caóticos. Num dia, você tá vendo um Sonic bizarro correndo ao som de Gangsta’s Paradise; no outro, o Sonic - com seu visual já redefinido - chega ao seu terceiro filme, com o Keanu Reeves fazendo a voz do Shadow e o Jim Carrey saindo da sua “aposentadoria” pra interpretar o Dr. Robotnik mais uma vez.
A comoção coletiva pelo Shadow dentro da comunidade de fãs do Sonic é algo inusitado de se ver quando você está do lado de fora (meu caso), mas isso ganhou um novo significado aqui no Brasil, graças a um vídeo maravilhoso mostrando a reação da molecada no cinema ao ver a cena pós créditos de Sonic 2. Eu sou fisicamente incapaz de assistir esse vídeo sem abrir um sorriso no rosto. É nessas horas que me bate uma saudade de ser criança.
E foi por causa desse trailer que eu descobri que o Robotnik tem um avô. Desculpa. gente. Eu não conheço muito bem a lore do Sonic.
Também foi liberado na última semana o trailer do documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve, cuja estreia nos cinemas será no dia 17 de outubro.
A parte em que o filho do Reeve conta sobre a última vez que ele viu o pai de pé bateu forte. Espero poder ver isso no cinema.
Já faz umas semanas que rolou nos EUA a D23, evento da Disney para divulgar seus projetos futuros e outras coisas mais, e se você gosta de acompanhar notícias relacionadas à Disney, já deve saber pelo menos de boa parte do que foi anunciado por lá. Mas acredito que algumas coisas merecem ser comentadas aqui. Em especial, as coisas da Pixar, porque esse foi o único painel que mostrou produções originais pros próximos anos. Sendo assim, esse vai ser o meu foco, já que eu gosto de escrever sobre Pixar e, sinceramente, não tô com a menor vontade de comentar sobre Moana 2 ou o live-action de Lilo & Stitch ou qualquer coisa do tipo.
Foi divulgado o trailer da primeira série original do estúdio, Ganhar ou Perder, que será lançada no Disney+ em 06 de dezembro. Essa série foi anunciada em 2020 e devia ter estreado no fim do ano passado, mas precisou ser adiada.
Criada, escrita e dirigida por Carrie Hobson e Michael Yates, Ganhar ou Perder mostra um time infantil de softbol se preparando para um grande jogo. Cada episódio será focado em um membro do time, mostrando suas diferentes perspectivas e brincando com diversos estilos de animação.
A inspiração para a série se deu na época em que Hobson e Yates trabalhavam em Toy Story 4. Os dois costumavam ter perspectivas diferentes sobre as reuniões das quais participavam: enquanto um achava que a reunião foi produtiva, o outro achava que tinha sido um desastre. A dupla, então, percebeu que daria pra fazer uma história baseada nessa temática.
Estou bastante curioso pra ver essa série. O design de personagens é uma gracinha.
Outra série da Pixar que será lançada no streaming é Dream Productions, um derivado de Divertida Mente que mostra como os sonhos da Riley são feitos. Esse conceito já havia sido apresentado no primeiro filme e agora terá a chance de ser mais aprofundado. Com direção e roteiro de Mike Jones (co-roteirista de Soul e Luca) a história de Dream Productions será contada no estilo de falso documentário. A estreia está prevista para 2025.
Tivemos também novas informações sobre Elio. Esse filme teria sido lançado em março desse ano, mas acabou sendo adiado para o ano que vem por conta de mudanças na produção. Comentei sobre isso em outro texto.
A primeira mudança a ser noticiada foi a de uma personagem central do filme. America Ferrera, que daria voz a Olga Solis, mãe do protagonista Elio, não pôde comparecer às regravações devido a conflitos de agenda, e por isso, a personagem precisou ser reformulada: agora ela é a tia de Elio e será vivida por Zoe Saldaña.
Em entrevista ao TheWrap, Pete Docter, chefe criativo do estúdio, garantiu que nenhum dos designs de personagens criados para o filme (incluindo aqueles divulgados oficialmente antes do adiamento) foi alterado na nova versão. No entanto, parece que em algum momento do filme, Elio vai usar uma roupa diferente daquelas mostradas anteriormente.
Na mesma entrevista, Docter revelou que Adrian Molina (co-diretor de Viva: A Vida é Uma Festa) não está mais na direção, embora ainda esteja creditado, e o filme agora tem duas diretoras: Domee Shi (do curta Bao e do filme Red: Crescer é Uma Fera) e Madeline Sharafian (do curta Toca). Molina, por sua vez, já está envolvido em um novo projeto dentro da Pixar.
Docter disse também que o próprio Elio foi o principal elemento que fez a produção do filme empacar, mas as novas diretoras conseguiram encontrar as peças que faltavam para a construção do personagem.
"Eu realmente não posso falar sobre isso sem entregar pontos da trama, mas acho que elas fizeram algumas descobertas importantes sobre ele que realmente ajudaram o público a se conectar e a seguir em frente com o personagem para o segundo ato, que é, claro, onde a coisa toda acontece."
O veterano da Pixar comentou sobre como Elio pode conquistar os corações do público, comparando-o com o recente sucesso absoluto do estúdio, Divertida Mente 2:
"Eu sinto que Divertida Mente 2 fez sucesso porque fomos capazes de falar sobre ansiedade de uma forma que ressoou com o público. E eu acho que o cerne desse filme que Maddie e Domee encontraram tem a ver com o sentimento que todos nós temos várias vezes, de que nós estamos nesse mundo enorme e cheio de gente, mas estamos sozinhos. Mas não temos que estar. E esse é mesmo o cerne do filme, e é o que me faz ficar muito empolgado com ele, porque eu acho que tem o potencial de falar com os espectadores sobre algo que eles estão lidando bastante, como todos nós no mundo estamos agora."
Ou seja, teremos mais um sci-fi da Pixar com um protagonista solitário!
Sendo justo, WALL-E aborda um tipo diferente de solidão. Mas estou bem ansioso pra assistir Elio, mesmo assim.
Em março de 2026, teremos mais um filme original da Pixar.
Dirigido por Daniel Chong (criador da série animada Ursos Sem Curso, do Cartoon Network), Hoppers irá mostrar uma garota usando um dispositivo para transportar sua mente para um castor robô, para que ela possa conhecer e aprender sobre esses animais.
Se não houver nenhuma mudança no cronograma da Pixar, Hoppers será o 30º longa-metragem lançado pelo estúdio.
Também é em 2026 que Toy Story 5 dará as caras nos cinemas. O filme terá a direção de Andrew Stanton (de WALL-E e dos dois filmes no Nemo, além de ter participado do roteiro dos quatro primeiros Toy Story) e co-direção de Kenna Jean Harris (do curta Oi, Alberto). A confirmação de Stanton como diretor do novo filme não é surpresa alguma pra mim. Eu tinha certeza que esse filme não ficaria nas mãos de alguém com pouca experiência. Eles precisavam garantir alguma segurança ao público depois de Toy Story 4 ter gerado reações tão conflitantes.
Também foram revelados alguns detalhes sobre a trama. Os brinquedos da Bonnie vão lidar com um novo e complexo desafio: tecnologia! As crianças de hoje estão cada vez mais deixando seus brinquedos de lado para prestar atenção nas telas de celulares e tablets e outros aparelhos. Esse é um tema bastante atual e, se for bem desenvolvido, pode servir como ponto de partida para diversas conversas em núcleos familiares, como os filmes de Divertida Mente fazem em relação a emoções e saúde mental. Vale lembrar que Andrew Stanton abordou o impacto da tecnologia nas nossas vidas - numa escala muito maior, é claro - em WALL-E.
O filme ainda vai ter uma subtrama envolvendo um exército de bonecos defeituosos do Buzz Lightyear. Esquisito. Mas vamos ver no que isso vai dar.
Essa arte conceitual foi divulgada durante o evento e, como podemos presumir, Woody vai se reencontrar com os brinquedos da Bonnie de alguma forma. Essa é a única coisa nesse filme que genuinamente me preocupa. Ao contrário de uma parcela bastante vocal, eu gosto muito de Toy Story 4 e de como ele termina. Não queria que aquele final fosse “desfeito” assim.
E, por último, tivemos o anúncio de Os Incríveis 3.
Nenhum detalhe sobre a história foi revelado, pois o filme está em estágio inicial de produção, mas já foi confirmado que Brad Bird, roteirista e diretor dos dois primeiros filmes, está de volta à Pixar pra fazer este terceiro.
Não é nenhuma surpresa a Pixar estar trabalhando em um novo Os Incríveis, pois o CEO da Disney, Bob Iger, confirmou há poucos meses que várias propriedades intelectuais da Disney e da Pixar serão revisitadas futuramente. O que fez meu queixo cair foi o retorno de Brad Bird, pois ele está com outro projeto em andamento na Skydance Animation (o estúdio comandado pelo co-fundador da Pixar, John Lasseter): Ray Gunn, uma animação noir cujo roteiro foi escrito por Bird antes mesmo de O Gigante de Ferro ser produzido, e ficou décadas sem sair do papel. Ray Gunn será lançado pela Netflix em 2026, o que significa que Os Incríveis 3 deve demorar, no mínimo, uns quatro ou cinco anos para chegar aos cinemas.
Só espero que esse terceiro filme mostre os irmãos Pêra um pouco mais velhos.
Isso é tudo por hoje.
Se você chegou até aqui, obrigado por ter lido mais um texto da Anêmona. Espero que tenha gostado desta edição.
Beijo na bunda e até a próxima segunda!